Poeta

Certa noite, haviam  poetas de carne e osso na casa. Iam ao microfone e gritavm suas utopias, que eram bem verdade para nossa maioria. Era uma noite, o tempo não passava, o sol ameaça o futuro eo ontem e o amanhã se ligam no escuro, aproveitando a embriaguez costumeira da casa.

Alguém acendeu uma vela,

Foi ao microfone e começou:

Hoje só temos o poema p’ra denunciar nossa fome.

Não é como o cinema, que coloca a cara no nome

Que enguadra a mentira na cena.

Talvez todo olhar nos abandone.

E que hoje só temos poema.

Como fantasmas acordados,

Reunidos em sarau,

Longe de todo perigo,

Dos medos, do bem e do mal,

Conspiravam já bem decididos,

sua poesia contra a capital.

Um jovem gritou do outro salão:

Nasci e ando convosco

E também nunca entendi  porque tudo ainda não parou

Para se entender por fim.

Cresci e tenho perdido

A inocência, a ilusão e o medo

De gritar e mostrar o quão cedo que as rédeas do mundo

Estão nas mãos de poucos

Não é mais segredo.

O velho cabisbaixo relembrou:

E  não é por falta de alarde

Que o vilão dessa trama existe.

Mas tudo parece tanto ficção que o teatro

Todo ri e começa a  aplaudir.

Um jovem gritou do outro salão:

Nasci e ando convosco

E também nunca entendi  porque tudo ainda não parou

Para se entender por fim.

Cresci e tenho perdido

A inocência, a ilusão e o medo

De gritar e mostrar o quão cedo que as rédeas do mundo

Estão nas mãos de poucos

Não é mais segredo.

Encabulada, a verdade, desce do palco da vida, encerra sua fala polida.

 Eis que vence a vontade do patrão: quando a tirania é um pontod e vista  e naõ o ponto de questão:

A noite estava se acabando , mas ainda havia quem estivesse acordado para ouvir o poeta delirando, pouco antes de se despedir:

A verdade,sim, existe

E tem seus muitos lados

Mentira é o nome da parcialidade.

Roda,roda, uma engrenagem

Da história,a moldadora.

Roda,roda, desde agora, nessas mãos sonhadoras.

                                    O bardo.